Governadores desafiam presidente a baixar impostos federais sobre combustíveis e ele 'pede seis'; isso tem um nome
E esse nome é... Populismo tributário. Nem a União pode abrir mão de R$ 27 bilhões anuais, a receita arrecadada com os tributos federais que incidem sobre combustíveis, nem os Estados vão zerar o ICMS do produto, como bem sabe Bolsonaro. Então, o que se tem é um presidente jogando para a torcida das redes sociais e das boleias dos caminhões à custa de interditar o necessário canal de negociações com as unidades da federação. Por isso a analogia que fiz no título com o jogo de truco: ele trucou, os governadores pediram 6 e o presidente subiu na mesa e gritou: "12, talkey?", mas ninguém tem carta na mão.
Primeira vítima. O maior prejuízo para mais uma briga sem motivo e fora de hora é na discussão já complexa da reforma tributária. Se já é difícil aprovar uma reforma que mexerá justamente no ICMS, transformando-o em IVA, e com impactos diferentes sobre os regimes tributários de cada Estado, se torna impossível se a relação entre os governadores e o governo central é de deboche e desconfiança.
Para quê? A pergunta que sempre resta depois desses arroubos presidenciais é essa. Afinal, o que ele ganha comprando briga com todo mundo, de dentro e de fora do governo, em vários Poderes, em várias esferas, no Brasil e no exterior? Pode até fazer sucesso com a claque orquestrada das redes sociais, que sobe hashtags inflamadas e saúda o "mito", mas nem com eles é efetivo no longo prazo, uma vez que tal bravata será logicamente contida pelo Ministério da Economia.