Em meio a desgastes na Educação e na Casa Civil, quem cai é o titular do Desenvolvimento Regional
Azarão. Gustavo Canuto não estava na ordem do dia da imprensa e das crises diárias do governo. Mas seu desempenho era alvo de queixas constantes e cada vez mais incisivas de aliados do governo no Congresso, que cobravam o atendimento de demandas como a liberação de emendas.
Muito caro. Quando cobrados, Bolsonaro e ministro costumavam se impacientar. Afinal, a pasta de Canuto era uma das que tinham maior volume de liberações de recursos orçamentários, mas "entregava pouco" em termos de apoio político ao governo.
Mapa da mina. O Desenvolvimento Regional é uma das pastas mais visadas pelos políticos, graças à quantidade de temas que atingem o dia a dia do eleitor que ela reúne, de habitação a saneamento. Por isso, as emendas do ministério são vitais, sobretudo em ano eleitoral, como este.
E o MDB? Outra expectativa nunca atendida pela nomeação de Canuto era a de atrair o MDB para a órbita do governo. Nesse aspecto, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), é considerado muito mais "efetivo" e, ainda assim, só uma fração do partido tem interlocutor com Bolsonaro.
O sucessor. Quem assume a pasta, imbuído da missão de ajudar na articulação política, é um tucano. Rogério Marinho foi deputado federal, situação na qual relatou a reforma trabalhista do governo Temer. Atualmente comandava a Secretaria Especial da Previdência e Trabalho, e ganhou pontos no governo pela bem-sucedida costura da reforma da Previdência. O Desenvolvimento Regional pode ser um "estágio" para a Casa Civil, dado o desgaste do titular da pasta, Onyx Lorenzoni.
Critérios. A saída extemporânea de Canuto ajuda a clarear os critérios pouco claros de Bolsonaro para fazer trocas na equipe. Em entrevista ao Estadão, o presidente minimizou os problemas no MEC, dando a entender que Abraham Weintraub permanece à frente da Educação, mas se recusou a confirmar a permanência de Onyx. Depois, ao longo do dia, disse que a agenda excessivamente gaúcha do ministro e seus planos eleitorais podem ser motivos para sua saída do governo.
ICMS. Na mesma entrevista, o presidente admitiu que Paulo Guedes não foi ouvido antes de ele deflagrar uma guerra com os governadores por conta da sua ideia fixa de que baixem o ICMS dos combustíveis. Ele voltou a dizer que se irrita com as cobranças pela redução do preço dos combustíveis, que recaem só sobre ele, numa demonstração de que leva muito em conta a reação de grupos de pressão bolsonaristas, como os caminhoneiros.