Número foi atingido no mesmo dia em que o Butantan anunciou eficácia de 78% para a vacina Coronavac, aumentando as esperanças no combate à doença.
Tragédia. Em dez meses, o Brasil acumulou 200 mil mortes pelo coronavírus. Nesta quinta-feira, a trágica marca foi alcançada, num momento em que a doença voltou a aumentar no País. Especialistas apontam que o relaxamento nas práticas de distanciamento social pesaram para que a pandemia crescesse outra vez, superando as mil mortes diárias. Hoje, o número foi absurdo de elevado: 1.524 mortes.
Uma luz. Apesar disso, a boa notícia é que o Instituto Butantan anunciou hoje que a vacina Coronavac, produzida com os chineses da Sinovac, tem eficácia de 78%. Com isso, o pedido para seu uso emergencial deverá ser apresentado à Anvisa já nesta sexta, acelerando o início da vacinação. Segundo o governo de São Paulo, o início da vacinação no Estado segue previsto para 25 de janeiro.
Compra-se. Do lado do governo federal, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, anunciou que serão adquiridas 100 milhões de doses da Coronavac. A mesma vacina que ele disse que seria comprada, mas acabou sendo desautorizado publicamente por Jair Bolsonaro. Na ocasião, o presidente afirmou que a vacina chinesa não seria comprada. Agora, com a necessidade de vacinar, ficou o dito pelo não dito.
Para quando? No dia anterior, Pazuello usou a cadeia de rádio e televisão para fazer um pronunciamento sobre a vacinação. Acabou não dizendo o que mais se espera, que é a data para o início do programa nacional de vacinação. Hoje, enquanto resmungava criticando o trabalho da imprensa, o general previu que, no cálculo mais otimista, isso aconteça a partir de 20 de janeiro. Numa conta mais realista, a vacinação passaria para fevereiro.
Checagem. O ministro garantiu que há seringas e agulhas suficientes para que seja feita a vacinação inicial. Apesar dessa garantia, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, deu prazo de cinco dias para que o ministro prove que há estoque do material.
Fatura. Politicamente, a guerra da vacinação entregou duas contas hoje. Uma positiva foi para o governador de São Paulo, João Doria, que apostou desde o início na parceria do Butantan com a Sinovac pela vacina e defendeu a ação mesmo contra o governo federal. A negativa foi para o governo federal, já que Bolsonaro chegou a dizer que jamais compraria essa vacina. Para piorar, isso aconteceu no dia em que o Brasil chega à marca das 200 mil mortes. O revés político do presidente é alto, até porque reforça seu negacionismo desde o início da pandemia em março.
Ameaça. Para piorar, Bolsonaro resolveu tentar justificar a posição de Donald Trump e suas injustificáveis alegações de fraude na vitória de Joe Biden. Sem provas, Bolsonaro falou que houve fraudes nas eleições americanas. Também voltou a repetir que deveria ter ganho no primeiro turno em 2018. E, para arrematar, disse que não for adotado o voto impresso ao lado da urna eletrônica, o Brasil poderá viver em 2022 "algo pior" do que ocorreu ontem com o ataque ao Congresso americano. A fala de Bolsonaro foi interpretada por muitos parlamentares como uma ameaça.
Pode provar? O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, considerou um "ataque direto e gravíssimo ao TSE" a declaração de Bolsonaro. E defendeu que os partidos acionem a Justiça para que o presidente se explique. "A frase do presidente Bolsonaro é um ataque direto e gravíssimo ao TSE e seus juízes. Os partidos políticos deveriam acionar a Justiça para que o presidente se explique. Bolsonaro consegue superar os delírios e os devaneios de Trump", afirmou Maia.