Imunizante da Oxford/AstraZeneca é produzido na Índia e governo local vetou sua exportação até vacinar toda a sua população.
Mais problemas. A corrida pela vacinação contra o coronavírus virou uma verdadeira prova de obstáculos. Além da confusão e demora na elaboração de um plano nacional de vacinação, o governo Bolsonaro enfrenta, agora, um efeito colateral por apostar apenas na vacina de Oxford/AstraZeneca. Como o imunizante é produzido na Índia, o governo local não quer liberar sua exportação antes de imunizar toda a sua população. Ou seja, quem aguarda por essa vacina, como é o caso do Brasil, terá, em tese, de esperar na fila.
Fila grande. E, para quem não sabe, a Índia tem cerca de 1,3 bilhão de habitantes...
Correria. Com a pressão pela vacina, a Fiocruz acelerou o pedido de importação de 2 milhões de doses da Oxford. O pedido foi entregue para a análise da Anvisa e já se previa que a vacinação poderia ter início no fim de janeiro. Mas o cheiro de queimado começou a ser sentido no domingo. Numa declaração para a Associated Press, o CEO do Serum Institute, Adar Poonawalla, avisou que o governo indiano não vai liberar a exportação do imunizante enquanto não vacinar toda a população do país. O Serum Institute é um dos centros de produção do imunizante da Oxford/AstraZeneca.
Hora de fazer política. Alertado pela Fiocruz, o governo acionou o Itamaraty para buscar uma solução diplomática para o caso e tentar dobrar o governo indiano. Na prática, se o veto à importação for mantido, existe o risco da vacina estar liberada para o Brasil em março. Para a saúde da população, uma tragédia. E, para o governo, um desastre político.
Caminho das Índias. Politicamente, é boa a relação do governo da Índia com o do Brasil. Mas diante do drama causado pelo coronavírus, o governo vai precisar de muita habilidade diplomática para se sair bem nessa operação e convencer os indianos a mudarem de posição. E o atual comando da diplomacia brasileira já ganhou fama internacional pela sua atuação impregnada de viés ideológico.
Feliz ano novo. Na desorganização que virou a movimentação brasileira pela vacina, o governo tenta resolver outro problema. A equipe econômica deve reduzir a zero a alíquota de importação de seringas. Hoje, essa taxa é de 16% e sua redução pode baratear o custo de sua compra e facilitar a aquisição. Porque, além de não ter certeza sobre como ou quando poderá ter a vacina a sua disposição, o Brasil ainda depende da compra de seringas para realizar o processo. O ano pode ter mudado, mas os problemas estão longe de acabar dentro do governo.