Disputa por poder na Câmara paralisa votações e preocupa mercado | | Governo acompanha à distância briga entre grupos do Centrão. Disputa trava a análise de MPs, ameaça orçamento e coloca reformas em risco. Queda de braço. Um racha entre os dois principais grupos do Centrão, praticamente, paralisou as votações na Câmara dos Deputados. A ala comandada pelo líder do PP, Arthur Lira (AL), quer ficar com à Presidência da Comissão Mista de Orçamento, rompendo o acerto que fora feito no início do ano no qual o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) seria escolhido para o posto. Elmar pertence ao bloco do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Por conta desse impasse, que faz parte da disputa de Maia e Lira pela Presidência da Casa, quase nada avança. Nesta terça-feira, foram aprovadas apenas indicações para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Medidas provisórias seguiram trancando a pauta e outras decisões importantes, como a instalação da Comissão de Orçamento para que se aprove, obviamente, um orçamento, vão sendo postergadas no meio dessa brigalhada.
E as reformas? Além disso, com esse cenário de confronto interno, matérias centrais para a retomada da economia e para a redução dos efeitos da pandemia, como a reforma tributária e a PEC Emergencial, têm sua aprovação cada vez mais complicada. Com medo de tomar partido na discussão e melindrar aliados importantes, o governo se finge de morto e deixa o pau quebrar na Câmara sem atuar. Mas uma tomada de atitude do Planalto foi cobrada por Maia, que tenta mover o governo de seu distanciamento. "Espero que a responsabilidade prevaleça. Se o governo não tem interesse nessas medidas provisórias, eu não tenho o que fazer. Eu pauto, a base obstrui, e eu cancelo a sessão", disse Maia.
Piora no cenário. Maia avalia, com razão, que a travada nas votações empurra para adiante discussões importantes, que ajudariam na retomada do crescimento econômico. "Quando tiver uma medida provisória importante que vá vencer, talvez outros façam obstrução para que o governo entenda que a Câmara tem de trabalhar", afirmou. "A gente precisa de um ambiente de menos conflito para votar matérias dificílimas, começando pela regulamentação do teto de gastos", citou.
Nervosismo. Com a Câmara em conflito e o governo dando sinais pouco claros sobre sua preocupação com responsabilidade fiscal, o mercado mostrou seu desconforto. A Bolsa voltou a perder os simbólicos 100 mil pontos, que tinham sido recuperados há poucos dias e o dólar voltou a subir, batendo em 5,70. A impressão entre os investidores é que o governo parece estar desorganizado nas suas prioridades e o presidente Jair Bolsonaro voltou a dar muita trela para polêmicas que agradam seus seguidores mais radicais e que possam lhe ajudar na caminhada para a reeleição.
Nova tentativa. Maia já marcou para o dia 3 a próxima sessão para tentar algum tipo de acordo que destrave a pauta. Mas a dúvida é se a proximidade com o primeiro turno das eleições não vai se tornar um fator a mais para atrapalhar uma conciliação em torno da pauta. | | O cenário improvável de João Santana. O Roda Viva com João Santana, que comandei na noite de segunda-feira, teve várias camadas importantes de debates: sobre o passado, com o escrutínio pesado e duro do que levou à Lava Jato e suas consequências políticas e pessoais para ele que era o principal marqueteiro político do Brasil, e sobre o futuro, com 2022 aparecendo no horizonte do País e também no dele, profissional. Leia Mais | VOCÊ TAMBÉM PRECISA LER Salvador: PT se agarra a 'sensações'; Reis com boas chances no 1° turno "A esquerda decepciona". O comentário vem de uma pessoa habituada às disputas políticas na Bahia. "Falta energia. A impressão é que a aposta na pulverização para forçar o segundo turno deu errado", continuou a fonte, para em seguida fazer um relato cada vez mais comum nesses tempos em que o lulismo parece ter perdido o viço: "Chegam a brigar entre si". Leia Mais Do Marcelo: Ao criticar Doria, Bolsonaro quer neutralizar adversário de Centro Jair Bolsonaro mantém a eleição de 2022 no seu radar político desde que ganhou a disputa presidencial em 2018. Isso não é segredo para ninguém. A diferença é que na eleição passada, Bolsonaro enxergou, com razão, que seu adversário principal era a esquerda - representada pelo combo Lula/Haddad. Agora, com o PT e a própria esquerda ainda buscando um caminho, o presidente enxerga como maior ameaça a sua reeleição o fortalecimento político do Centro. E vê no governador de São Paulo, João Doria, um nome com potencial para ocupar esse espaço. Leia Mais
Eleições nas Redes: A 'chapa imbatível' de Santana é também 'impossível' Ontem, em histórica participação no Roda Viva, João Santana afirmou que uma chapa com Ciro Gomes disputando a Presidência da República, e Lula almejando a Vice-Presidência em 2022, seria imbatível. O ex-marqueteiro do PT inspirou-se no case de sucesso da Argentina, onde Cristina Kirchner, mesmo com graves problemas na Justiça, conseguiu voltar ao poder, ainda que na sombra de Alberto Fernández, atual presidente. Leia Mais |
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