Presidente do STF avalia que questão será judicializada e considera isso necessário.Guerra no tribunal. A polêmica em torno da obrigatoriedade ou não de se tomar a vacina contra o COVID-19, antes mesmo de ela existir, deverá parar nas barras da Justiça. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, previu que a questão será judicializada. Hoje, há uma polêmica sobre essa obrigatoriedade, na qual Jair Bolsonaro, insuflado pelos seus seguidores mais radicais, é contra que vacina seja compulsória. Com isso, o presidente pode até agradar seus fãs mais extremados, mas contraria as recomendações dos principais organismos de saúde e também rema contra a maré da opinião pública, já que várias pesquisas mostram maioria clara dos entrevistados a favor da vacina.
Jurisprudência. Na sua declaração, Fux foi bem claro nessa avaliação. "Podem escrever: haverá uma judicialização, que eu acho que é necessária, sobre essa questão da vacinação", afirmou durante videoconferência feita pela Aliança de Advocacia Empresarial (Alae). "Não só a liberdade individual, como também, digamos assim, os pré-requisitos para se adotar uma vacina", acrescentou. Para ele, isso poderá garantir uma jurisprudência para o tema.
Bola nossa. Fux entende, inclusive, que a discussão deverá ser feita na Corte que preside. "Estou apenas dizendo que essa judicialização será importante e, de preferência, direto no Supremo. Porque um dos grandes instrumentos na segurança jurídica é a jurisprudência firmada no Supremo Tribunal Federal", disse Fux, garantindo que não está adiantando ponto de vista sobre o assunto.
Maria Fofoca. Enquanto a guerra da vacina parece começar a tomar rumos racionais com a possível entrada do Supremo na discussão, o governo segue tacando lenha na própria fogueira. A briga pela liberação de recursos para o Meio Ambiente fez com que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, criticasse abertamente o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Ramos. Salles responsabiliza o general Ramos pela articulação para que os recursos do Ibama e do ICMBio fossem bloqueados. Salles mandou suspender as ações de combate aos incêndios e de proteção ambiental por falta de dinheiro. A crise fez com que o dinheiro aparecesse, mas Salles foi criticado pelo grupo militar nos bastidores do governo e reagiu. "Ministro Luiz Ramos, não estiquei a corda com ninguém. Tenho enorme respeito e apreço pela instituição militar. Atuo da forma que entendo correto. Chega dessa postura de Maria Fofoca", escreveu nas suas redes sociais.
Pura balbúrdia. Uma briga desse calibre exposta nas redes sociais não demorou a ganhar incentivadores. Integrantes do bolsonarismo mais ideológico se alinharam rapidamente com Salles. Isso incluiu até mesmo o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. "Força, Ministro. O Brasil está contigo e apoiando seu trabalho", escreveu o 03. Do lado de Ramos, estão, naturalmente, seus colegas da ala militar. E, pela enésima vez, o governo se vê envolto por brigas internas que não chegam a lugar nenhum.