Governo se mobiliza para impedir punição contra Eduardo
.jpg) | Por Marcelo de Moraes |
Aliados de Jair Bolsonaro já iniciaram as articulações no Congresso para evitar que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) perca seu mandato por ter falado sobre a possibilidade de edição de um novo AI-5
Pressão. Ao contrário de polêmicas anteriores envolvendo os filhos do presidente, o Planalto foi alertado pelos seus principais interlocutores na Câmara e no Senado que a pressão por uma punição contra Eduardo tinha se tornado muito grande. Esse clima pesado surpreendeu o governo, que imaginava que um pedido de desculpas - como Eduardo fez - seria suficiente para o assunto ser esquecido. Afinal, isso já tinha dado certo em outras oportunidades, inclusive quando Eduardo dissera que bastava um cabo e um soldado para fechar o Supremo. Ao ver que o risco era maior, os governistas botaram o bloco na rua para preservar o deputado.
Vai ter processo. Eduardo será denunciado no Conselho de Ética da Cãmara pelos partidos de oposição e ainda não dispõe de votos para barrar uma eventual punição nessa etapa do processo. Para impedir que isso ocorra, já foram acionados líderes do Centrão, que sempre funciona como fiel da balança. No Planalto, a estratégia é derrubar o processo ainda nessa etapa, dentro do Conselho de Ética. Até para evitar que se forme uma onda incontrolável pela cassação de Eduardo, o que é considerado um desastre político para o governo e especialmente para o presidente Jair Bolsonaro.
Esfriar a crise. Ao mesmo tempo, o governo vai tentar, ao máximo, bater seu bumbo político para trocar essa agenda negativa e esfriar a situação. Se vai conseguir, ainda não é possível prever, especialmente porque os filhos do presidente costumam colocar lenha nas próprias fogueiras. Uma das ideias é aproveitar a solenidade de comemoração dos 300 dias de governo (completados dia 27 de outubro), na próxima segunda, 4, quando serão apresentadas propostas para geração de emprego e aquecimento da economia, para baixar o fogo dessa crise.
Foram os gregos? Investigação da Polícia Federal aponta que o principal suspeito pelo vazamento do óleo no Nordeste é o petroleiro Bouboulina, de bandeira grega. Ainda não seria possível afirmar se o vazamento teria sido acidental ou não, mas o caso ainda tem muitas pontas abertas. Mas o navio grego parece ter um currículo complicado. Em abril, já enfrentou problemas nos Estados Unidos. Nessa sexta, o navio estava perto da Nigéria.
Dinheiro para a Marinha. Conversei com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e ele me disse que uma das constatações do processo de investigação do vazamento é que a Marinha precisa ser reequipada para ter melhores condições de impedir e conter novos vazamentos. A ideia é destinar recursos provenientes do megaleilão do pré-sal para reforçar a estrutura da Marinha. "Não tem condições de a gente ter uma Marinha sem essa estrutura para tomar conta de um litoral desse tamanho", diz Salles.
Pediu para sair. Carmen Eliza Bastos de Carvalho decidiu pedir seu afastamento da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco, depois de ter sido revelado seu apoio entusiasmado a Jair Bolsonaro. A promotora alegou que a repercussão do surgimento de suas fotos e falas em defesa do presidente afetaram seu ambiente familiar e de trabalho.
Mácula. "Nessa perspectiva, em razão das lamentáveis tentativas de macular minha atuação séria e imparcial, em verdadeira ofensiva de inspiração subalterna e flagrantemente ideológica, cujos reflexos negativos alcançam o meu ambiente familiar e de trabalho, optei, voluntariamente, por não mais atuar no caso da Marielle e Anderson", disse a promotora em carta.
* Vera Magalhães está aproveitando rápidas e merecidas folgas.