Melhora no PIB surpreende até o governo, mas cenário ainda é de cautela
.jpg) | Por Marcelo de Moraes |
Ainda administrando o estrago político causado pela crise ambiental, o governo acabou recebendo a boa notícia de que o PIB do segundo trimestre subiu 0,4%. Pode parecer pouco e é. Mas as expectativas dentro da equipe econômica e no Planalto eram a de que o resultado ficaria em torno de 0,2%. O resultado foi puxado pela construção e pelo investimento.
Sedento por boas notícias, até Jair Bolsonaro comemorou publicamente o resultado. Especialmente porque a economia pode estar começando a mostrar sinais de recuperação, ainda que de forma lenta. Além disso, o mercado reagiu positivamente ao PIB e recuperou a marca acima dos 100 mil pontos na Bolsa, depois de passar dias capengando. Como me contou um integrante da equipe econômica, "tá ruim, mas tá bom".
Nas estrelas. O problema é que a conjuntura ainda segue complicada. O dólar teve sua cotação fechada lá no alto, em R$ 4,17, a maior em quase um ano. Além disso, o cenário internacional segue turbulento e indefinido.
Fumaça branca. Mas é inegável que o crescimento do PIB ajudou a injetar algum otimismo entre os especialistas. O economista Felipe Salto, diretor-executivo da IFI (Instituto Fiscal Independente do Senado Federal), comparou o resultado a "uma fumaça branca começando a sair pela chaminé". "É provável que estejamos passando por um lento processo de recuperação. A liberação do FGTS e o efeito dos juros baixos sobre consumo e investimento poderão colaborar para essa dinâmica, desde que a agenda das reformas avance", avalia.
Para inglês ver. Como a aprovação da reforma da Previdência é um dos itens considerados fundamentais para que a economia brasileira retome sua recuperação, há grande ansiedade pela conclusão da votação no Senado. Relator da proposta, Tasso Jereissati (PSDB-CE) entregou seu relatório, fazendo com que as mudanças ao texto aprovado pela Câmara entrassem apenas numa PEC paralela à da reforma. Assim, a reforma poderá passar ser atrasos. Escaldados pelas seguidas tratoradas que têm levado dos deputados, os senadores ameaçaram segurar a reforma se não tivessem a garantia de que a PEC paralela iria tramitar com agilidade na Câmara. Reunido com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se comprometeu a acelerar a discussão. Só disse que não poderia garantir a aprovação do conteúdo do texto. Ou seja, os senadores podem se preparar para ver o texto ir parar na bacia das almas da Câmara.
Vai dar barulho. Cansados de atuarem apenas como carimbadores das propostas da Câmara, vários senadores já começam a falar em apresentar propostas para mudar a reforma da Previdência, sem contar com PEC paralela nenhuma. Claro que no Congresso esse tipo de reação mais intempestiva costuma ser interpretado com um desejo de ser chamado para "dialogar". Mas há um clima de impaciência dos senadores com a situação e o governo precisará ficar atento para não ser surpreendido na votação mais importante do ano.
Chumbo grosso. Entrevistei o presidente da CPI do BNDES, Vanderlei Macris (PSDB-SP), e ele me disse não ter dúvidas de que o relatório final da comissão vai recomendar o indiciamento de "dezenas de pessoas", incluindo políticos e empresários. A CPI deverá concluir seus trabalhos em outubro e, segundo Macris, vai mostrar que o banco foi usado como instrumento político e de desvio de recursos durante os governos petistas. "O BNDES foi usado pelo PT, principalmente, e por outros partidos e grupos políticos também. Tal qual foi a Petrobrás", diz.
| Por Vera Magalhães |
Bolsonaro não se opôs a lei que vetou. A polêmica do dia nas redes sociais é a derrubada do veto de Jair Bolsonaro ao parágrafo 3° da lei 13.834/2019, que instaura pena maior para quem propagar fake news. Ao todo, 326 deputados e 48 senadores votaram pela derrubada do veto. Leia mais