Ministro é denunciado, mas fica no cargo
| Por Vera Magalhães |
Marcelo Álvaro Antônio segue no Turismo, mesmo denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais em razão do laranjal do PSL. O que isso mostra?
Figurino eleitoral. Antes de tudo, que o discurso de tolerância zero com denúncias de malfeitos só serviu a Jair Bolsonaro na campanha. Nem antes, nem depois. Como parlamentar ao longo de mais de 20 anos, Bolsonaro nunca atuou em CPIs ou no Conselho de Ética, nem teve qualquer atuação de relevo no combate à corrupção. Pegou carona na Lava Jato para antagonizar com o PT, o que lhe valeu a eleição.
Ruído. É isso que uma parcela de seu eleitorado, que embarcou no discurso do "fim da mamata" e da "nova política" sem conhecer a trajetória parlamentar de Bolsonaro, agora estranha. Mas o ponto fora da curva não é a condescendência com o ministro do Turismo. Nos amigos, aliados, ídolos ideológicos e familiares Bolsonaro, sempre aplaudiu tudo, mesmo condutas como acusações de prática de tortura.
Critério para demissão. A régua para colocar ministros na rota de demissão, na gestão Bolsonaro, é outra. Diz respeito a questões como insubordinação e falta de alinhamento ideológico. Foram esses os critérios que ceifaram Gustavo Bebbiano, o general Santos Cruz e integrantes dos escalões inferiores, inclusive militares, que perderam a cabeça nos primeiros nove meses de governo.
Segue o baile. Portanto, Marcelo Álvaro Antônio não fica pela competência, mas pela lealdade ao presidente, expressada desde a campanha. Foi ele um dos que costuraram o desembarque das tropas bolsonaristas no PSL, quando ainda estavam sem partido. Chegou a ser cogitado para vice quando Janaina Paschoal recusou o convite. Era um dos amigos de Bolsonaro quando ambos frequentavam o baixo clero da Câmara. Não será jogado aos leões, ainda que a conduta de agora fuja do figurino convenientemente moralista da campanha.
Mais blablablá. E como bravata ideológica costuma fazer mais sucesso no governo que políticas baseadas em dados, pesquisas, estatísticas, evidências e outras coisas menos sedutoras para as redes sociais, um dos campeões da modalidade, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, inventou mais um factoide: alunos que se saírem mal do Enad, o exame que avalia os cursos de graduação, deveriam ser punidos. Ele não sabe como, mas se põe a especular, de novo sem nenhum dado que o ampare, que alunos vão mal de propósito para prejudicar a avaliação dos cursos.
Nada com nada. Analistas e especialistas em Educação correram para explicar ao ministro e ao público, submetido a essas doses de chute, que não é assim: o Anad não é como o Enem, que dá uma nota aos estudantes. Ele avalia os cursos, e não é nem aplicado todo ano aos alunos do mesmo curso, o que dificultaria a "palmatória" de Weintraub.
.jpg) | Por Marcelo de Moraes |
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