Mundo político repudia defesa de novo AI-5 por Eduardo Bolsonaro | Por Vera Magalhães |
Deputado e líder do PSL na Câmara disse que medida seria forma de evitar protestos violentos de esquerda; Bolsonaro desautoriza o filho e partidos pedem cassação
Pretexto para golpe. A defesa de um novo AI-5 ou de plebiscito para conter manifestações de esquerda foi feita por Eduardo no canal da jornalista Leda Nagle no YouTube. Partiu de um raciocínio cheio de conjecturas, teorias da conspiração, falsificações históricas e maluquices como a de que o dinheiro do BNDES destinado a países governados pela esquerda nos governos Lula e Dilma voltaria para financiar "essa revolução". Na verdade, o 03 buscou um ou vários pretextos, fabricando um inimigo imaginário, para dar vazão ao seu autoritarismo latente.
Reação forte. A reação foi imediata, dura e inequívoca por parte dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, que fez a mais contundente nota de repúdio e chamou a fala de Eduardo de "repugnante", e do Senado, Davi Alcolumbre, de partidos do PSOL ao Novo, de dissidentes bolsonaristas como Joice Hasselmann, de governadores, ministros do STF, da OAB e de parlamentares de inúmeras legendas, que anunciaram processo contra o parlamentar no STF e de cassação no Conselho de Ética na Câmara.
Freios e contrapesos. Há quem veja na cassação de Eduardo uma maneira de colocar limites nos arroubos autoritários do governo. Caso ele não se retrate, o processo pode ganhar adesão e avançar.
Puxão de orelha. Percebendo que a repercussão foi de fato negativa, Bolsonaro deu uma bronca no filho. Disse que ele falou besteira, e que quem defende um novo AI-5 está "sonhando". Na sequência, Eduardo disse que sua fala havia sido "deturpada", mas pediu desculpas.
Passando o pano. Já a reação do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, foi condescendente. Ele disse em entrevista ao Estadão que caso houvesse aqui protestos como os do Chile algo teria de ser feito, e chegou a justificar a fala por emoção com reportagem recente do Jornal Nacional sobre Bolsonaro (exibida depois da gravação da entrevista do filho). Em dado momento, o general, que tem como dever zelar pela Constituição, chegou a conjecturar sobre a dificuldade de se aprovar uma medida como um novo AI-5. Oi?!