Para Bolsonaro, 'vacina não é questão da Justiça' | | Obrigatoriedade de vacina deverá ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal nas próximas semanas. Brigalhada. A vacina contra o coronavírus ainda nem existe, mas a guerra em torno da obrigação de tomá-la mobiliza as redes bolsonaristas, incluindo o próprio Jair Bolsonaro. Seguindo a linha negacionista de costume, o presidente engrossa o coro das pessoas contrárias à obrigatoriedade da vacina. E como essa decisão envolve questão de saúde pública e direitos individuais, caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF) bater o martelo em torno do que será feito. Já existem processos na Corte que tratam sobre obrigatoriedade ou não de tomar vacina. Mesmo dizendo respeito a outras doenças diferentes do coronavírus, os processos sobre vacinação serão usados para abranger a questão como um todo. Ou seja, o que o STF decidir vai valer para o Covid-19.
Sou contra. Para agradar a ala radical dos seus apoiadores, Bolsonaro se posicionou contra a obrigatoriedade. E, agora, aproveitou para alfinetar o Poder Judiciário, dizendo que não cabe à Justiça deliberar sobre essa história. "Eu entendo que isso não é uma questão de Justiça. É uma questão de saúde acima de tudo. Não pode um juiz decidir se você vai tomar ou não a vacina. Isso não existe", afirmou Bolsonaro nesta segunda-feira.
Jogo jogado. Enquanto mira a preferência dos seus seguidores nessa discussão, Bolsonaro já foi avisado por aliados próximos que a questão é delicada politicamente e pode desgastar sua imagem, caso fique contra a vacina. Afinal de contas, mesmo com o Brasil reduzindo a média móvel de mortes pelo coronavírus, a doença ainda segue sendo letal e fazendo vítimas. Além disso, o presidente avalia que o STF deve aprovar a obrigatoriedade da vacina, já que a maioria da Corte indica estar inclinada para essa posição. Nesse caso, sobrou para Bolsonaro apenas poder bater o bumbo de uma maneira que agrade aos seus seguidores. Mas esse julgamento, em si, parece já estar contabilizado pelos bolsonaristas como derrota de sua posição.
Chegando. A expectativa do governador de São Paulo, João Doria, é que as primeiras doses da Coronavac cheguem ao Estado em até uma semana. A chamada "vacina chinesa" ainda está na fase final de testes para poder ser liberada pela Anvisa para aplicação. Mas a agência já liberou a compra inicial de 6 milhões de doses. O fato foi comemorado por Doria, que defende a adoção da Coronavac. "Agradeço a postura coerente e autônoma da Anvisa, ao liberar compra inicial de 6 milhões de doses da Coronavac. Reforçamos a importância da liberação de insumos para a produção das outras 40 milhões de doses. A Coronavac será produzida em São Paulo no Butantan. Será a vacina do Brasil", disse. Pode até ser, mas haverá novas batalhas antes que a guerra da vacina seja decidida para algum dos lados. | VOCÊ TAMBÉM PRECISA LER O desconforto dos militares com o caso Pazuello Não passou em branco pelos militares a enquadrada que Jair Bolsonaro deu no ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, na questão da compra da vacina Coronavac. Importantes representantes das Forças Armadas se manifestaram pelas redes sociais criticando, inclusive, a fala de Pazuello depois de ser desautorizado, dizendo que "um manda, outro obedece". Leia Mais 'A Constituição tornou o País ingovernável', avalia Ricardo Barros Ao defender a realização de um plebiscito para reformar a Constituição de 1988, a exemplo do ocorrido no Chile no fim de semana, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), avaliou que o problema da governabilidade no Brasil está na Carta. "A Constituição tornou o país ingovernável, como disse o (José) Sarney. Devemos fazer um plebiscito, como fez o Chile. É hora de repensar. Reformar a Constituição, que não está dando condições de governar a longo prazo", afirmou ele nesta segunda, 26, durante uma live promovida pela ABDConst. Seria, segundo ele, uma "Carta que só tem direitos". Leia Mais
A 'máquina do ódio' apontada contra Doria Apesar do nome, o Bot Sentinel não monitora apenas a atuação de bots no Twitter, mas a de qualquer grupo organizado que, com um comportamento incomum, tente manipular o debate público. Para tanto, a parte mais braçal do trabalho é feita por uma inteligência artificial que, com base nas regras de uso da rede, analisa em tempo hábil a atividade de mais de um milhão de perfis. Leia Mais |
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