Prefeito do Rio foi preso a nove dias do fim do mandato acusado de participar de esquema de cobrança de propina.
Fim de linha. Depois de perder a disputa pela reeleição, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, sequer deve conseguir terminar seu mandato. Ele foi preso, nesta terça-feira, acusado de participar de um esquema de pagamento de propinas em troca da assinatura de contratos com a Prefeitura. Restavam apenas nove dias para terminar sua administração e para passar o cargo ao sucessor, Eduardo Paes. Além da prisão, Crivella também foi afastado do cargo e o prefeito da cidade pelos próximos dias será o presidente da Câmara Municipal, vereador Jorge Felippe (DEM). O vice eleito em 2016, Fernando McDowell, morreu em 2018.
Perdeu outra. A prisão do prefeito representa mais um revés político para Jair Bolsonaro. O presidente fez campanha pela reeleição de Crivella e apostou na sua vitória. Já muito desgastado pela péssima administração, ele ainda conseguiu chegar ao segundo turno, mas terminou distante de Paes. Além da derrota colar no presidente, ainda se espalha pelo seu clã familiar. O senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro se filiaram recentemente ao Republicanos, partido que tem Crivella como uma de suas maiores lideranças nacionais. Até mesmo Rogéria Bolsonaro, ex-mulher do presidente e mãe de três de seus filhos, tinha se filiado ao partido para tentar uma vaga de vereadora. Perdeu.
Baque. Além de desgastar pessoalmente Bolsonaro, a prisão é um duro golpe no movimento conservador, especialmente para os grupos mais à direita. Um dos principais pontos que levaram os candidatos de direita à vitórias nas eleições municipais de 2016 e na presidencial de 2018 foi o discurso de combate à corrupção. Com um de seus principais representantes sendo preso justamente com essa acusação, a posição do grupo se enfraquece. Além disso, a própria gestão de Crivella foi um desastre em termos administrativos. Num momento em que a direita radical acabou de receber um duro recado das urnas, que rejeitaram seus principais candidatos nas eleições municipais, a prisão piora ainda mais esse quadro.
Mais um. A prisão de Crivella aumentou a extensa lista de políticos do Rio que foram presos ou afastados do cargo. O governador Wilson Witzel (PSC), outro conservador suspeito de envolvimento em irregularidades, foi afastado do cargo. Outros ex-governadores, como Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, Anthony e Rosinha Garotinho, Moreira Franco, além do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, foram ou estão presos suspeitos de envolvimento em irregularidades. Uma trágica tradição que segue se repetindo.