Setor teve queda de 1,1% em 2019 e cenário internacional complicado não provoca otimismo
Ducha gelada. A expectativa que 2020 poderá ser o ano da retomada do crescimento econômico do Brasil recebeu um balde de água fria com o resultado da produção industrial do ano passado. Segundo dados do IBGE, houve uma queda de 1,1%, invertendo a tendência de crescimento que tinha sido registrada em 2017 e 2019, ainda no governo de Michel Temer. Com mau desempenho nos meses de novembro e dezembro, já era esperado que o resultado do ano fosse fraco. Mas veio pior do que se pensava.
O que pesou mais. A tragédia de Brumadinho, com o rompimento da barragem da Vale, acabou sendo o principal fator pela queda da produção industrial. O desastre derrubou a indústria extrativa, que teve seu pior resultado desde 2003. E a situação só não foi pior porque a indústria alimentícia reagiu no final do ano por conta do crescimento da venda de carnes.
Cenário. Se acontecesse em outro momento, a produção industrial baixa poderia até ser menos preocupante. O problema é que o quadro externo é de cautela e preocupação por causa do impacto que o coronavírus poderá ter sobre o a economia mundial, especialmente a chinesa. Com essa incerteza no tabuleiro, as dificuldades para o Brasil se ampliam.
Reformas com ruído. Com isso, a economia brasileira passa a depender mais ainda da aprovação das propostas de reforma administrativa e tributária. O problema é que com apenas dois dias de trabalho na volta do Congresso, não faltaram trombadas nessa discussão. Os parlamentares reclamam que o governo precisa mandar suas propostas para as duas reformas, o que não ocorreu até agora.
Mostre as cartas. Como desconfiam que o projeto do governo pode estar recheado de polêmicas, alguns senadores - incluindo o tucano Tasso Jereissati e o líder do MDB, Eduardo Braga - ameaçam boicotar a indicação de integrantes para formar a comissão mista da reforma tributária, enquanto o texto do governo não aparecer. Já na administrativa, o próprio Planalto parece não ter decidido se quer votar ou não o assunto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, quer. Mas, em vários momentos, parece que está sozinho nessa empreitada. Como é um ano eleitoral, portanto, com um calendário de votações apertado, cada atraso nessa discussão pode pesar para que o Brasil fique mais distante de sua retomada do crescimento.