Uma mulher morreu baleada e imagens da baderna chocam o mundo. Presidente eleito, Joe Biden, diz que ato de violência não tem precedentes.
Sob ataque. Reunido para sacramentar o resultado das eleições presidenciais vencidas pelo candidato democrata Joe Biden, o Congresso americano foi invadido por apoiadores do presidente Donald Trump. Inconformados com a derrota e insuflados pelo discurso descabido de fraude, repetido dezenas de vezes por Trump, seus seguidores promoveram um quebra-quebra dentro e fora do Capitólio, um dos maiores símbolos da democracia. As imagens da baderna correram o mundo e causaram um choque terrível pelo risco de ameaça à democracia.
Mau perdedor. Desde a confirmação de sua derrota para Biden, Trump insiste no discurso de fraude na eleição. Sem qualquer prova, o presidente americano perdeu todos os recursos legais que sua campanha e seus aliados apresentaram para contestar o resultado da eleição. Hoje, na solenidade feita para confirmar a vitória de Biden, o efeito de sua campanha apareceu sob forma de baderna. Pelo menos uma pessoa foi baleada e morta e o ataque só foi dispersado pela ação da polícia. Mas o estrago já estava feito.
Reação. Democratas e republicanos acabaram se juntando na reação de indignação contra o ataque. "A violência e a destruição que estão ocorrendo no Capitólio dos EUA devem parar e isso deve parar agora. Todos os envolvidos devem respeitar os policiais e deixar o prédio imediatamente", conclamou o vice-presidente republicano Mike Pence. "Aqueles que estão atacando o Capitólio precisam parar agora. A Constituição protege o protesto pacífico, mas a violência - da esquerda ou da direita - é sempre errada. E aqueles que estão envolvidos na violência estão prejudicando a causa que dizem apoiar", endossou o senador Ted Cruz, um dos mais radicais apoiadores de Trump é defensor da falsa tese de fraude.
Vá agora. A tensão aumentou mais ainda quando Joe Biden se pronunciou contra o ataque. "Deixe-me ser muito claro: as cenas de caos no Capitólio não representam quem somos. O que estamos vendo é um pequeno número de extremistas dedicados à ilegalidade. Isso não é dissidência, é desordem. É quase uma secessão e deve acabar. Agora". E Biden cobrou que Trump agisse como um presidente e mandasse que seus seguidores parassem com a invasão. "Peço ao presidente Trump que vá agora à televisão nacional para cumprir seu juramento e defender a Constituição, exigindo o fim deste cerco".
Não tem jeito. Depois de muito tempo, Trump gravou um vídeo pedindo que os apoiadores fossem para casa. Mas insistindo que a eleição foi roubada. Resultado: seu vídeo foi bloqueado pelo Twitter e seu pedido pareceu muito mais uma peça prévia de defesa contra prováveis ações legais contra ele por sua responsabilidade pelo ataque desta quarta.
Mais derrota. Inconformados com o fim do ciclo de poder de Trump, seus seguidores ainda tiveram mais más notícias eleitorais hoje. As duas últimas vagas em disputa para o Senado, no estado da Geórgia, foram vencidas por democratas. Com isso, os dois partidos passam a ter o mesmo número de senadores, mas, na prática, os democratas de Biden terão o controle do Senado, porque o desempate cabe à vice-presidência, que será ocupada pela democrata Kamala Harris.
Mensagem. Claro que a anarquia de hoje tem um simbolismo muito ruim. Não só para os Estados Unidos, mas também para outros países. Não faltou quem se preocupasse no Congresso brasileiro que algo antidemocrático também possa acontecer por aqui, dependendo do resultado das eleições em 2022. Talvez por isso, outra mensagem posterior de Joe Biden precise ser levada muito a sério. "Nosso caminho é simples: é o caminho da democracia - da legalidade e do respeito - do respeito uns pelos outros e por nossa nação".