Com uma relação que já apresentou desgastes em menos de dois anos de mandato, em 2022, para disputar a reeleição, o presidente Jair Bolsonaro não pretende ter o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) como candidato a vice-presidente. A intenção foi verbalizada pelo presidente a três aliados, que relataram o conteúdo das conversas reservadas com Bolsonaro à Folha. Segundo eles, ainda há um problema de confiança da parte do presidente com o vice.
O vice-presidente, General Hamilton Mourão Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Em entrevistas recentes, Mourão chegou a afirmar que está trabalhando para seguir como vice de Bolsonaro no próximo pleito. “Venho apoiando todas as iniciativas do presidente, venho procurando facilitar o caminho dele, sendo leal para todas as coisas que ele necessita”, disse à CNN Brasil, em setembro. E completou: “Se ele desejar minha companhia para 2022, marcharemos de passo certo”. Ele também já afirmou que não pretende concorrer contra Bolsonaro.
Nas palavras de um dos aliados, Bolsonaro afirmou que é preciso encontrar uma solução para o posto de vice-presidente e acrescentou que Mourão de novo “não dá”, segundo os relatos ouvidos pela reportagem. Procurado pela Folha, Mourão não se manifestou.
Por ora, o presidente avalia duas alternativas: se conseguir viabilizar o Aliança pelo Brasil, Bolsonaro estuda convidar um candidato a vice-presidente que seja do Centrão, preferencialmente um evangélico. Além disso, o presidente tem se mostrado simpático a formar uma chapa com uma das ministras de seu próprio governo.
Populares na Esplanada dos Ministérios, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, é evangélica. Já a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, é considerada um nome estratégico por aliados do presidente. Ela ajudaria a fidelizar o apoio do setor do agronegócio, e a indicação atrairia o apoio do DEM, partido a que ela é filiada.