Após grande repercussão nas redes sociais, a Controladoria-geral do Município (CGM) abriu, na quinta-feira, 26, uma sindicância para investigar a ligação de carros de som com propaganda do prefeito Bruno Covas (PSDB), que disputa a reeleição, próximo a um local de distribuição de cestas básicas na Brasilândia, na Zona Norte da cidade.
Um vídeo gravado no local mostra um carro de som adesivado e tocando o jingle da campanha do tucano na Rua Raulino Galdino da Silva. A poucos metros dali, era feita uma distribuição de cestas, pelo Movimento Social Beneficente (Mosobe).
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou o Estadão que a distribuição dos alimentos faz parte do Programa Cidade Solidária, instituído no início da pandemia. Moradores da região, no entanto, afirmaram à reportagem que a entidade sempre distribuiu leite duas vezes por semana, mas essa foi a primeira vez que doou cestas básicas.
“Todas as entidades parceiras assinaram um termo de adesão com a Prefeitura de São Paulo se comprometendo a executar a distribuição das cestas respeitando integralmente às recomendações do Ministério Público Eleitoral. Qualquer ação por parte das entidades que não tenha respeitado a recomendação descumpre o acordo estabelecido no termo de adesão e será apurada”, diz a Prefeitura.
Em entrevista ao Estadão, o diretor da Mosobe, Emilson Almeida da Silva, negou irregularidades na distribuição das cestas básicas feita na última quinta. De acordo com Silva, a associação entregou kits para mais de 400 beneficiários do programa VivaLeite, do Governo do Estado de São Paulo. Ele argumenta que o carro de som que reproduz música de campanha de Bruno Covas no vídeo era de um dos cadastrados na iniciativa que parou para recolher sua cesta básica. “É a sétima vez que entregamos cestas básicas neste ano”, pontuou.
O diretor da entidade, que integra a rede PSDB na Brasilândia, garantiu que a Mosobe é apartidária e negou a existência de ligações do evento com a campanha do atual prefeito. “Estão dizendo que estávamos entregando material de campanha, é mentira. Eu estava entregando uma senha, junto com uma folha informando o material que ia ser entregue e que a pessoa tinha que vir com máscara e trazer documentação, RG e CPF.”, disse Silva.
O tema acirrou a reta final da disputa pela prefeitura paulistana. No Twitter, o candidato Guilherme Boulos, do PSOL, afirmou que sua campanha vai tomar medidas cabíveis sobre o episódio. “Centenas de pessoas entraram em contato para denunciar a distribuição de cestas básicas na periferia às vésperas da eleição em atividades de campanha de Bruno Covas.”, afirmou.
A campanha do candidato Bruno Covas disse, em nota, que não distribui cestas básicas. “É inadmissível que, há três dias das eleições, este tipo de conduta esteja sendo compartilhada.”