Um grupo de cientistas que fez parte do comitê que assessorou o Ministério da Saúde na elaboração do plano nacional de vacinação contra a covid-19 – e cujos nomes constam na lista de colaboradores do documento – divulgou nota na noite de sábado, 12, afirmando não ter sido consultado sobre a versão final do texto, tornado público neste sábado após o governo federal enviar o plano ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Nos causou surpresa e estranheza que o documento no qual constam os nomes dos pesquisadores deste grupo técnico não nos foi apresentado anteriormente e não obteve nossa anuência”, diz nota assinada por 36 especialistas do grupo técnico do eixo epidemiológico do comitê.
FDA autorizou uso emergencial do imunizante contra covid-19. Foto: Mount Sinai Health System/AFP
Na nota, os pesquisadores dizem que ficaram sabendo da divulgação do plano pela imprensa. Eles destacam que, antes da divulgação do documento, haviam solicitado reunião com o ministério e “manifestado preocupação” com a retirada de grupos prioritários (presidiários foram removidos da lista de grupos que seriam vacinados) e com a não inclusão de todas as vacinas disponíveis que se mostrarem seguras e eficazes. O pedido havia sido feito na quarta-feira, 9, em outra nota pública divulgada pelo grupo.
Os especialistas voltaram ainda a cobrar que “todas populações vulneráveis sejam incluídas na prioridade de vacinação, como indígenas, quilombolas, populações ribeirinhas, privados de liberdade e pessoas com deficiência”. Eles destacam ainda a necessidade de “ampliação do escopo para todos os trabalhadores da educação” (não só os professores) e a inclusão de funcionários de outros serviços essenciais. As informações são de Fabiana Cambricoli e Rafael Moraes Moura, do Estadão.
Nós, pesquisadores que estamos assessorando o governo no Plano Nacional de Vacinação da Covid-19, acabamos de saber pela imprensa que o governo enviou um plano, no qual constam nossos nomes e nós não vimos o documento. Algo que nos meus 25 anos de pesquisadora nunca tinha vivido!
— Ethel Maciel, PhD (@EthelMaciel) December 12, 2020