O presidente Jair Bolsonaro melhorou sua aprovação nos dois últimos meses impulsionado por dois fatores: o pagamento do auxílio emergencial e a redução das polêmicas inúteis provocadas pelos seus aliados mais ideológicos. Com a pandemia, o socorro financeiro dado pelos R$ 600 do benefício garantiram dinheiro no bolso para quem ficou sem trabalho e até um fôlego para gastos extras. Já sem a balbúrdia ideológica, assuntos mais sérios, como a retomada da atividade econômica, puderam ser priorizadas dentro do governo.
O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto. Foto: Gabriela Biló/Estadão
Esses dois pilares da recuperação da desgastada imagem do presidente começam a desaparecer e passam a ameaçam a recuperação do prestígio político do presidente. No caso do auxílio, bastou a redução para a metade do valor para as queixas aumentarem. Com sua iminente extinção no início do ano, essas reclamações, certamente, vão aumentar.
Para piorar, o presidente resolveu escutar a gritaria das redes bolsonaristas contra a obrigatoriedade da vacinação e também contra a compra da Coronavac, a vacina chinesa em fase 3 de testagem no Instituto Butantan. Como a imensa maioria da população parece disposta – todas as pesquisas feitas indicam isso – a tomar qualquer vacina que se comprove cientificamente eficaz para se proteger contra o coronavírus, Bolsonaro corre o risco real de se desgastar. E isso apenas para agradar seus seguidores mais fanáticos, que seguem desconectados de qualquer evidência científica nessa discussão.
Nos últimos meses, o presidente conseguiu o mais difícil, que foi a recuperação de parte de sua popularidade quando essa tarefa parecia ser cada vez mais difícil. Agora, caminha a passos largos para desperdiçar todo esse esforço.