Enquanto rebate as críticas da imprensa, de especialistas e de políticos de oposição pelo uso dos canais da Secom na internet e nas redes sociais para rebater e atacar a cineasta Petra Costa, o chefe da comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, sofreu o revés de ver a Polícia Federal abrir inquérito para apurar suposto favorecimento de empresa da qual é sócio por meio de pagamentos à secretaria com agências e emissoras com as quais tem contratos.
Secretario de Comunicação do Planalto, Fábio Wajngarten Foto: Dida Sampaio/Estadão
A notícia da abertura do inquérito foi dada pela Folha na tarde desta terça. Também foi o jornal que tornou público o caso, que levou o Ministério Público Federal a pedir a abertura de inquérito a ser conduzido pela PF em Brasília, em caráter sigiloso.
A empresa de Wajngarten, a FW Comunicação, recebe dinheiro de emissoras como Record e Band, e de agências contratadas pela própria Secom. Ele se afastou da gestão da empresa quando foi para o governo, mas manteve sua participação majoritária na sociedade.
O ataque à cineasta de Democracia em Vertigem foi visto fora do governo como uma maneira de Wajngarten se reaproximar do núcleo mais ideológico do bolsonarismo, com o qual andava queimado. Usando os instrumentos de Estado para fazer a chamada “guerra cultural”, o titular da Secom viu uma forma de se segurar no cargo pela lealdade, mesmo expediente que vem sendo usado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.